Tanatologia é utilizada na relação com famílias de doador de órgãos

3 de setembro de 2012 - 19:18


 
A tanatologia é a nova ferramenta dos profissionais de saúde para humanizar a relação com as famílias de potenciais doadores de órgãos e tecidos para transplantes. Trinta e cinco profissionais da Central de Transplantes da Secretaria da Saúde do Estado e das Comissões Intra-Hospitalares de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) farão o curso “A Morte e as Perdas no Processo de Doação de Órgãos e Tecidos”, ministrado em cinco módulos, a partir desta quarta-feira, 5, e nos dias 10, 11, 12 e 24 deste mês, pelo psicólogo e tanatólogo Aroldo Escudeiro. O curso vai capacitar os profissionais que trabalham junto às famílias de potenciais doadores a reconhecer o processo de luto e as reações que a perda pode provocar, para que dessa forma possam melhor administrar essas situações. A tanatologia como ciência tem como objetivo geral estudar os processos do morrer e do luto. Na Psicologia, estuda as reações psíquicas relacionadas ao fator morte e tem como objeto de estudo a família, médicos e pacientes em fase terminal.

“Todos nós temos a tendência a estabelecer laços afetivos com outras pessoas”, indica em artigo o psicólogo Aroldo Escudeiro, depois de observar que “a experiência da perda é um dos eventos mais estressantes que podemos viver”. No processo de doação de órgãos, após o diagnóstico de morte encefálica, a família deve ser consultada e orientada sobre a possibilidade da doação. A entrevista deve ser clara e objetiva, informando “que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante”. A conversa pode ser realizada pelo próprio médico do paciente, pelo médico da UTI ou pelos membros da CIHDOTT, que prestam todas as informações que a família necessitar. “Portanto se faz necessário que os profissionais se disponham mais a refletir e trabalhar as questões pertinentes à morte e a perda, pois com certeza isso facilitaria a sua prática e seria um grande ganho para a sua vida pessoal”, escreve Aroldo Escudeiro.

No primeiro semestre deste ano o Ceará assumiu o segundo lugar do país na efetivação de doações de órgãos e tecidos para transplantes. De 17,5 doações efetivas por milhão da população registradas em 2011, o Ceará passou para 20,8 doações efetivas, atrás apenas de Santa Catarina, que registrou 25,4 doações efetivas por milhão da população (pmp) no primeiro semestre de 2012. Em relação ao primeiro semestre de 2011, o número de potenciais doadores passou de 187 para 200 e as efetivações das doações aumentaram de 71 para 88. Mesmo nessa posição de destaque, no Ceará 33% das entrevistas com as famílias de potenciais doadores tem resultado negativo. A compreensão do luto pelos profissionais de saúde e a consequente melhoria da relação com as famílias de potenciais doadores poderão resultar em mais respostas positivas para a doação de órgãos e tecidos.

A Secretaria da Saúde do Estado está investindo fortemente em capacitação para continuar aumentando os indicadores de transplantes no Ceará e, assim, proporcionar nova expectativa de vida para pacientes que ainda se encontram na fila de espera por um novo órgão ou tecido. Em agosto aconteceu o Curso de Formação de Coordenadores Hospitalares de Transplantes para capacitar 60 profissionais de hospitais notificantes de potenciais doadores que ainda não possuem CIHDOTT. Nesta terça-feira, 4 de setembro, será concluído o 4º Curso de Coordenador Educacional de Transplantes, que vai capacitar 60 participantes para serem multiplicadores do tema da doação de órgãos e tecidos nos diversos espaços da sociedade.

Neste ano, até a sexta-feira, 31 de agosto, o Ceará havia realizado 821 transplantes de órgãos e tecidos. Foram 184 de rim, 7 de rim/pâncreas, 21 de coração, 111 de fígado, 3 de pulmão, 17 de medula óssea, 12 de valva cardíaca, 453 de córnea, um de pâncreas isolado, um de pâncreas pós-rim e 11 de esclera. O número de transplantes realizado no Ceará no ano já é maior que o número total de transplantes realizados em 2006 (446), 2007 (618), 2008 (739) e 2009 (767). Em 2011, o Estado alcançou pela primeira vez a marca de mil transplantes no ano, chegando a 1.297 cirurgias. Este ano, o recorde de transplantes deverá ser superado mais uma vez, como acontece ano a ano, desde 2007.

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