Pais substituem mães e viram acompanhantes de filhos internados
24 de fevereiro de 2012 - 12:34
Atualmente, 30 pais são acompanhantes dos filhos que estão internados no Hospital Infantil Albert Sabin, unidade da Secretaria da Saúde do Estado que é referência em assistência em alta complexidade à saúde da criança. O número de pais acompanhantes ainda é inferior ao de mães. Elas são 200 mães, acompanhando 24 horas o quadro de saúde dos filhos. Mas o número de pais já reflete o novo perfil social das famílias, que termina envolvendo eles, com maior expressão, na vida e saúde dos filhos. Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, os homens passaram a assumir tarefas que antes eram realizadas apenas pelas mulheres. A troca de fraldas, banho, preparação de mamadeiras estão mais presentes na rotina dos pais. No Albert Sabin é comum ver os pais participativos, trazendo os filhos para consultas médicas e para outros tratamentos de saúde.
A coordenadora do serviço social do Albert Sabin, Moema Guilhon, aponta o desemprego como um dos fatores que contribuem para o aumento no número de pais acompanhantes. “Se a mulher está trabalhando ou ganhando mais, ela não vai deixar o emprego. Então, o marido acaba vindo. A gente vê uma mudança do papel do homem na família. É um processo cultural, histórico e econômico. O bom é que mostra que o cuidar não tem sexo”, afirma.
Pai e filho
Reginaldo dos Santos é um desses superpais. Ele está acompanhando o filho Francisco Adriano, de 12 anos, que está internado para tratar uma febre reumática. A esposa ficou no município de Aracati, cuidando dos outros três filhos. Para cuidar do menino, Santos teve de abandonar temporariamente o trabalho como feirante. Enquanto a criança não recebe alta, a família vai sendo mantida com a ajuda de parentes e dos programas sociais do governo. “Eu gosto de estar perto dele. A gente é pai, tem que estar encostado. Com a gente por perto, ele fica mais corajoso, se sente mais seguro”, diz.
Toda criança internada tem o direito de ser acompanhada por uma pessoa da família, com quem tenha mais laços afetivos. Os acompanhantes dão apoio emocional, 24 horas por dia, aos pacientes em recuperação. Por entender que o toque, o carinho e o aconchego materno ou paterno são fundamentais para o processo de cura, o hospital vem, desde o início da década de 1980, se preocupando em criar um ambiente confortável e acolhedor para a permanência digna dos familiares.
Assim que a criança é internada, o acompanhante recebe uma cartilha com algumas regras que deverão ser seguidas enquanto estiver no hospital. A média de permanência é de nove dias. Durante a estada, a mãe ou pai deverão colocar todos os pertences em um guarda-volumes e vestir uma bata, que pode ser trocada de acordo com a necessidade. São servidas, diariamente, quatro refeições (café da manhã, almoço, jantar e ceia) em um salão amplo e agradável chamado “Recanto das Mães”.
Cuidando do cuidador
Os acompanhantes também são assistidos, caso seja necessário, por médicos, dentistas, assistentes sociais e psicólogos do Albert Sabin. E para quem quiser descarregar as tensões, é oferecido um curso de artesanato. Além disso, aos sábados, há a celebração de uma missa. Com essas ações, o Albert Sabin cuida não só do paciente, mas também do cuidador.
Raquel Mourão
Assessora de Comunicação do Hospital Albert Sabin
(85) 9925-9444, 3256-1574