Em até um ano a Medicina de Emergência será reconhecida como especialidade médica no Brasil. A previsão é do médico Frederico Arnaud, coordenador da Residência em Medicina de Emergência, implantada em 2008 pela Secretaria da Saúde do Estado. Ele se baseia no aval dado ao reconhecimento pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), que vai intermediar as discussões entre a Associação Brasileira de Medicina de Urgência e Emergência (Abramurgen), Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede) e outras entidades envolvidas sobre o reconhecimento da urgência e emergência como especialidade médica. O compromisso foi firmado na última quinta-feira, 20 de outubro, durante o II Fórum Nacional de Urgência e Emergência do CFM. Atualmente, a Medicina de Urgência está na relação das áreas de atuação reconhecidas pela Resolução CFM 1.973/2011, mas não consta na relação das 53 especialidades.
A criação de uma nova especialidade médica é efetivada por portaria da Comissão Mista de Especialidades (CME), formada pelo CFM e pela Associação Médica Brasileira (AMB) e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Para encaminhar o reconhecimento da Medicina de Emergência como especialidade, uma reunião com a AMB já está agendada para o dia 16 de novembro. Em seguida, a CNRM também será procurada para formalizar o seu aval ao reconhecimento. O aval das três instituições que compõem a CME é fundamental para o reconhecimento da nova especialidade. E o reconhecimento, diz Frederico Arnaud, “é o ponto inicial para que haja as modificações estruturais que preconizamos para as emergências”.
Entre os alunos da Residência em Medicina de Emergência do Ceará também houve repercussão do aval dado pelo CFM. “Esse reconhecimento sofreu muitas resistências, mas é algo inevitável”, afirma o residente Jauro Demétrio. “Medicina de Emergência já é especialidade no mundo inteiro e o Brasil estava ficando para trás”, acrescenta. Na verdade, essa especialidade existe em mais de 60 países do mundo, entre eles EUA, Inglaterra, Canadá, Japão e, mais próximos do Brasil, o México, Colômbia e Argentina.
O secretário da saúde do Edstado, Arruda Bastos, lembra que o Ceará foi o primeiro Estado do Norte e Nordeste e o segundo do Brasil a oferecer Residência em Medicina de Emergência. “Com esse pioneirismo queremos ampliar a qualificar a oferta de médicos nas emergências”, afirma Arruda Bastos. A Abramed, na página www.abramed.com.br, define a especialidade como “a prática da medicina que abrange o diagnóstico e tratamento de qualquer paciente que necessite cuidados diante uma situação imprevista, sem agendamento prévio, com uma doença ou lesão aguda. A razão da existência da Medicina de Emergência é limitar a morbidade e a mortalidade nesses pacientes. A sua prática abrange desde os cuidados pré-hospitalares até o atendimento hospitalar, cuidados que requerem conhecimentos de todas as especialidades intimamente relacionadas a ela. A prática da Medicina de Emergência requer um conhecimento e reconhecimento adequados de lesões e doenças agudas, com ou sem risco de vida, seguidas de imediato tratamento e estabilização. Ela permite solicitar consultorias adequadas, encaminhar, transportar ou liberar o paciente com critérios e cuidados bem estabelecidos”.
A Residência forma médicos para atender todo tipo de emergência, desde infarto do miocárdio até politraumatismo. Como, normalmente, o atendimento de urgência e emergência é pulverizado nas unidades de saúde, o médico formado nessa Residência específica tem condições de fazer o atendimento completo, onde quer que ele esteja, independente da patologia. Para cobrir os diversos casos de emergências, no Ceará a Residência é realizada em unidades de saúde com perfis específicos – Instituto Dr. José Frota (IJF), para traumas e causas externas; Hospital de Messejana, para cardiologia; Hospital de Saúde Mental, para psiquiatria; Hospital São José, para infectologia; Hospital César Cals, para gineco-obstetrícia; Hospital Geral de Fortaleza, para casos clínicos; e Hospital Infantil Albert Sabin, para pediatria. Em 2009, a Residência em Medicina de Emergência iniciou intercâmbio para levar residentes aos serviços de emergência de hospitais dos Estados Unidos. Os residentes trabalharam no Hospital de Nova York, no Northwestern Memorial Hospital, de Chicago, e no hospital Cook County, também de Chicago, onde era gravado o seriado de tevê norte-americano “ER” – “Plantão Médico” no Brasil.