Albert Sabin atende 200 crianças com lábio leporino por mês
18 de outubro de 2011 - 16:45
Referência para todo o Estado do Ceará, o Hospital Infantil Albert Sabin promove há 15 anos a reabilitação de crianças e adolescentes com fissuras labiopalatais, mais conhecidas como lábios leporinos. O serviço é realizado pelo Núcleo de Atendimento Integrado ao Fissurado. Na odontologia, os lábios leporinos são considerados o quarto problema de saúde pública. Ficam atrás apenas das cáries, das doenças periodontais (inflamações na gengiva) e das maloclusões (desvio dos dentes).
De acordo com a ortodontista e coordenadora do Naif, Lúcia Bomfim, as malformações ocorrem logo no início da gravidez, entre a quarta e a décima semana de gestação. Entre as principais causas estão o uso de álcool, cigarros, realização de raios X na região abdominal, deficiência nutricional, estresse emocional, hereditariedade, dentre outras. O problema atinge um em cada 650 recém-nascidos brasileiros.
Bebê Levi
Por mês, o Naif atende cerca de 200 pacientes. A maioria das crianças chega logo nos primeiros dias de vida. Esse é o caso de Francisco Levi Nascimento, com apenas dois meses de vida. Desde que nasceu, ele vem sendo, regularmente, acompanhado por dentistas e fonoaudiólogas do hospital. Na última segunda-feira, 10, Levi e a mãe, Edna Nascimento, estiveram no hospital para colocar uma placa acrílica, moldada especialmente para o céu da boca dele. A medida tem a finalidade de vedar a comunicação entre os canais oral e nasal. “Com a placa, o bebê mama, alimenta-se melhor, ganha peso e se prepara para a cirurgia plástica do lábio e da palatoplastia (fechamento do palato)”, explica Lúcia Bomfim.
Além de dentistas, pediatras e geneticista, uma equipe multidisciplinar formada por nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogos e assistentes sociais deve estar envolvida na reabilitação do paciente fissurado. Se a criança não for devidamente tratada, as fissuras podem provocar problemas na audição, dificuldades no desenvolvimento da linguagem, perda de peso, além de distúrbios no comportamento, pois o paciente passa a ter de enfrentar a barreira do preconceito.
Will Anderson Martins sabe bem o que é isso. Ele chegou ao Naif com oito anos. Era um garoto tímido, que vivia de cabeça baixa. “Ele tinha uma assimetria facial muito grande. Embora já tivesse feito a cirurgia do lábio, foi preparado para receber a cirurgia do palato. Aos 12 anos, fez enxerto ósseo secundário no processo alveolar. Aos 18 anos, ele se submeteu a uma cirurgia das bases ósseas (cirurgia ortognática) para correção da assimetria facial e ajuste final da oclusão.Mesmo sendo retraído, não deixava que ninguém tocasse na boca dele. Lembro que cheguei a moldar a boca dele umas oito vezes. Quando tentava, ele vomitava em cima de mim. Mas não desisti”, relembra Lúcia Bomfim.
A coordenadora do Naif contou com o apoio firme e dedicação da mãe de Will Anderson, Luiza Martins. “Quando soube que o hospital oferecia esse serviço, me dediquei totalmente. “Lembro que faltava o emprego e saia de madrugada de Pindoretama para ele ser atendido. Muitas pessoas falavam para eu desistir e aceitar que Deus o tinha feito assim. Decidi que ele ia ter um sorriso bonito”, diz a mãe que sempre confiou na equipe do Hias. Hoje, com 19 anos e dentes nivelados, Will fala que o tratamento melhorou muito sua qualidade de vida e que contribuiu para aumentar sua autoestima.
Já Mateus Colares procurou o Hias quando tinha 15 anos. Com um ano e meio, ele se submeteu à cirurgia para fechar o céu da boca, mas os dentes cresceram muito tortos. Foi aí que soube através de uma amiga da mãe que o hospital tinha um serviço de apoio ao fissurado. Durante dois anos, freqüentou a sala de Odontologia do hospital. Hoje, com sorriso bonito no rosto, Mateus se orgulha de sua conquista. “Todo o tratamento foi feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde). No meu caso o SUS funcionou muito bem”, diz. As idas e vindas ao Naif fizeram Mateus adquirir uma admiração pelos profissionais que cuidaram dele. Teve vontade de ser igual a eles. Atualmente, ele cursa o terceiro semestre de Odontologia em uma faculdade particular. E, claro, pretende ser ortodentista.
Etapas do Tratamento Ortodôntico
Até os 3 meses de vida – confecção e instalação de placa acrílica
6 meses – queiloplastia (correção do lábio)
1 ano e 6 meses – palatoplastia (fechamento do palato)
Até 5 anos – a criança tem alta da ortodontia e fica fazendo prevenção e manutenção (limpezas, aplicação de flúor, tratamento de cáries)
Após 5 anos até 18 anos – a criança volta a usar aparelhos para corrigir o posicionamento dentário
Mais informações:
Raquel Mourão (CE 1791 JP)
Assessora de Comunicação do Hias
9925-9444/3256-1574