Ações de controle do mosquito da dengue são avaliadas pela Sesa

3 de fevereiro de 2011 - 18:49

 

No controle vetorial da dengue, a prevenção e a eliminação do agente transmissor, antes que se transforme em mosquito, são ações mais efetivas do que o combate ao Aedes aegypti na sua fase adulta. Em linguagem técnica, os controles mecânico e biológico e o tratamento focal devem preceder o controle químico, aquele que utiliza carros fumacê para a aspersão de inseticida e que só é realizado em situações específicas, quando já foram esgotadas todas as outras medidas de controle – o que invariavelmente ocorre por falhas na sua execução.

Para avaliar os estágios do controle vetorial nos municípios cearenses, o Núcleo de Vetores da Secretaria da Saúde do Estado (Nuvet) iniciou nesta quinta-feira, 3 de fevereiro, reunião com coordenadores e supervisores de endemias das 21 Coordenadorias Regionais de Saúde (CRES), que até a manhã de sexta-feira, 4, farão relatos sobre as ações desenvolvidas nos municípios e as dificuldades enfrentadas para a realização das atividades de controle do vetor da dengue. Segundo indicadores do Ministério da Saúde, o Ceará e mais 15 Estados estão com risco muito alto de registrar epidemias de dengue neste ano. De acordo com o último boletim da Secretaria da Saúde, o Estado registra infestação pelo Aedes aegypti em 155 dos seus 184 municípios e 51 com transmissão da doença.

Para a redução do riscos de novas epidemias de dengue, a única forma de prevenção existente é o controle do mosquito transmissor. A mobilização da comunidade é fundamental, pois algumas das ações rotineiras mais eficazes de controle vetorial são executadas nos domicílios pelos próprios moradores, como a destruição ou a destinação adequada de criadouros (casca de ovo e tampa de garrafa, por exemplo, podem se transformar em criadouros) e a vedação de depósitos de armazenamento de água, com a utilização de capas, telas e tampas. No setor privado, é necessária a adoção dos métodos de controle especialmente em canteiros de obras, grandes indústrias e depósitos de materiais utilizados na reciclagem, além dos ferros-velhos e sucatas.

Para o controle e tratamento focal, entram em ação os agentes de endemias e os agentes comunitários de saúde. Essa atividade é de responsabilidade dos municípios, que devem garantir a realização de, no mínimo, seis ciclos de trabalho anuais. Em cada ciclo de trabalho, 100% dos imóveis do município devem ser visitados pelos agentes de endemias, que faz a pesquisa de focos do mosquito da dengue, realiza, se necessário, o tratamento com larvicida biológico e orienta os moradores na aplicação de medidas profiláticas. Para que o trabalho seja bem realizado, é necessário um agente de endemias para até mil imóveis. Para eliminar o risco de epidemia, o Índice de Infestação Predial (IPP) do município deve ser de menos de 1%. O IPP é dado pelo número de imóveis com infestação, dividido pelo número de imóveis visitados e, o resultado, multiplicado por 100.

Se a comunidade não se mobilizou para eliminar os criadouros do mosquito e o tratamento focal não foi eficaz, a prefeitura pode, então, solicitar à Secretaria da Saúde do Estado o uso do carro fumacê, no caso de infestação maior que 1% e a ocorrência de transmissão de dengue no próprio município. O controle químico é feito com inseticidas fornecidos exclusivamente pelo Ministério da Saúde e deve ser utilizado exclusivamente em situações de emergência e de forma racional e segura, tendo em vista sua ação temporária, o aparecimento de resistência ao produto químico no mosquito e os impactos ambientais que seu uso indiscriminado provoca. A aplicação do inseticida provoca o desalojamento do mosquito adulto por sua ação repelente e o atinge em pleno voo, única forma de ter eficácia. A ação do produto só é efetiva quando o inseticida está em suspensão no ar. Por isso não mata as larvas do Aedes aegypti. Com a ventilação a uma velocidade de 6 Km/h, a ação do produto dura de 40 minutos a uma hora e meia.