Mais de 20 pacientes voltaram a ouvir com o implante coclear no HGF

12 de janeiro de 2011 - 14:27

 

Dos 24 implantes realizados em 2010, 22 já foram ativados e os pacientes (re)descobrem novos sons a cada dia. A expectativa é ampliar o número de implantes em 2011.

Apreciar o som da água que cai da torneira, o toc-toc na porta, a buzina do carro na rua, a voz do personagem daquele desenho preferido que passa na TV. O que para muitos é algo comum, para quem nunca ouviu é uma grande descoberta. E dia após dia, pacientes atendidos com o implante coclear vão descobrindo o prazer da audição.

É o caso de Nicole, de 7 anos. Ela recebeu o implante coclear no dia 31 de julho de 2010, quando o serviço foi iniciado no Hospital Geral de Fortaleza, HGF. Em outubro, após a cicatrização, o aparelho foi ativado e Nicole começou a ouvir os primeiros sons. A partir da ativação, Nicole aprende novos sons a cada dia. Diferencia, identifica e reproduz o que ouve. A descoberta mais recente é a música, que desperta a curiosidade e a admiração da pequena ouvinte.

Nicole nasceu com deficiência auditiva. Durante 4 anos, usou o aparelho amplificador, mas sem um bom resultado. A mãe dela, Francineide, conta que as duas se entendiam por gestos, mas agora, tudo é diferente. O mundo cresceu diante do novo sentido. A comunicação abriu novos caminhos. É o começo de uma nova vida para mãe e filha.

Seu João Praciano Serra, de 62 anos, deficiente visual e auditivo, teve a felicidade de voltar a ouvir após dois anos de um angustiante silêncio. Ele recebeu o implante no dia 3 de setembro e ativou o aparelho em outubro de 2010. O sorriso da companheira Ana Maria Távora, foi o primeiro som que ele identificou. “Ouvi o sorriso mais bonito do mundo”, disse ele. Seu Praciano perdeu a visão por conta de um glaucoma. A perda auditiva gradativa começou aos 30 anos até que os sons sumiram de vez. Perguntado sobre como é ouvir de novo através de um aparelho, ele responde: “o som é diferente, mas eu tenho que me acostumar”. Hoje, o caso de seu João é considerado um dos mais bem sucedidos.

Nos dias 17, 18 e 19 de janeiro de 2010, todos os pacientes que receberam o implante devem retornar ao Serviço de Otorrinolaringologia do HGF. Quem ainda não ativou o aparelho, vai ativar. Quem já ativou, vai fazer um  mapeamento, ou seja, verificar o quanto já evoluiu e qual será o próximo passo na reabilitação.

O HGF foi credenciado pelo Ministério da Saúde para realizar cirurgias para implante coclear em dezembro de 2009.  Em 2010, o hospital realizou 24 implantes cocleares, meta estabelecida pelo Governo Federal. Segundo o chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do HGF, Deodato Diógenes, para 2011, a previsão é ampliar o número de implantes realizados. O novo número deve ser definido pelo Governo Federal.

O implante coclear é realizado pelo SUS desde 2000 e o Ministério da Saúde investe R$ 45,8 mil para o atendimento de cada paciente. O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece o ouvido biônico, uma prótese que é implantada por meio de cirurgia no ouvido de pacientes com deficiência auditiva. O equipamento auxilia o cérebro a interpretar os estímulos sonoros, devolvendo o sentido ao paciente. Já há 17 unidades de saúde com capacidade para realizar o procedimento.  Além do Ceará, elas estão no Distrito Federal e nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Minas Gerais, e Rio de Janeiro.

Um ouvido artificial

O implante coclear é um equipamento computadorizado colocado dentro da cóclea, na parte interna do ouvido. Ele capta os sons e os transforma em sinal elétrico, que é interpretado no cérebro como estímulo sonoro. Além do dispositivo, o aparelho é composto por um processador de fala que fica fora do ouvido. É como se fosse um microfone captando o som do ambiente. O funcionamento do implante coclear é diferente do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), uma vez que ele cria a possibilidade de o usuário perceber o som em vez de só aumentá-lo.

Mais informações:
Assessoria de Comunicação HGF – (85)3101-7086
Gilda Barroso, jornalista – (85)9925-5762

Serviço de Otorrinolaringologia HGF – 3101-3261

Serviço de Fonoaudiologia HGF – 3101-3247