Sesa pesquisa origem do vírus da raiva em Chaval

10 de setembro de 2010 - 19:47

A Secretaria da Saúde do Estado encaminhou para o laboratório da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA) amostra de material coletado em Chaval para identificação da origem do vírus da raiva circulante na região. Dois médicos veterinários do Núcleo de Controle de Vetores da Sesa  tiveram uma semana de trabalho de campo no município, quando passaram três noites na mata da área rural da localidade de Carneiro e coletaram o material da medula óssea de um guaxinim para a investigação laboratorial. O resultado sairá na próxima quarta-feira, 15 de setembro. No dia 1º deste mês, um homem de 26 anos, residente na localidade, foi internado no Hospital São José com febre, agitação psicomotora, excesso de saliva, aerofobia, principais sintomas da doença. Um dos exames feitos para atestar a doença confirmou o diagnóstico de raiva.

Em maio deste ano, o dono foi mordido pela cadela que criava dentro de casa, que desde 2006 não era vacinada contra a raiva. No trabalho de campo, os técnicos do Nuvet reuniram toda a comunidade na igreja local, inclusive os familiares do paciente que contraiu raiva, para uma palestra em que orientaram sobre a importância da vacinação dos animais domésticos e de se evitar o contato com animais silvestres, a exemplo do guaxinim. Lá, na localidade de Carneiro, esta semana foram vacinados 217 cães e gatos contra a raiva. A suspeita da origem silvestre do vírus, transmitido por guaxinim, é em função do relato de que a cadela que transmitiu a doença apresentava um ferimento, provavelmente provocado por animal na mata. A cadela morreu nove dias após morder o seu dono. Em Carneiro, os técnicos da Sesa não encontraram saguis (soins) ou raposas, que também podem transmitir a doença.

Apesar da realização de duas campanhas de vacinação antirrábica, por ano, em todo o Estado ainda há donos de cães que não levam os animais aos postos para serem vacinados e assim evitar riscos da doença e de morte na família e na comunidade. Em 2009, a Secretaria da Saúde do Estado, secretarias municipais de saúde, Polícia Militar, Forças Armadas, Fundação Nacional de Saúde, Ematerce, Corpo de Bombeiros e a Empresa de Correios e Telégrafos envolveram 30 mil pessoas na campanha de vacinação, incluindo agentes de saúde e voluntários, para imunizar 1,6 milhão de cães e gatos. A próxima campanha já tem data marcada. Será realizada de 13 de novembro a 13 de dezembro, com meta de vacinação ainda maior do que a do ano anterior. A meta é vacinar 1 milhão e 700 mil cães e gatos.

No Ceará, os últimos casos registrados de raiva humana transmitidos por cães ocorreram em 2003. Foram sete óbitos na capital. Após 2003, foram confirmados dois óbitos humanos, em 2005 e 2008. Os dois foram transmitidos por sagui, animal silvestre que deve ser mantido na mata, distante de ambientes domésticos. No Ceará, a permanência do ciclo da doença entre saguis preocupa porque eles são mantidos em muitas regiões como animais de estimação, próximos das casas, em contato com o homem.

Ciente da gravidade da doença e com o objetivo de proteger a população da doença, a Secretaria da Saúde do Estado não baixa a guarda. Este ano, veterinários de todos os municípios do Ceará foram capacitados para realizar a coleta de material da medula óssea de animais suspeitos. Já a partir do início do próximo ano, os exames laboratoriais para a identificação do vírus da raiva passarão a ser realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Na obra do laboratório de diagnóstico da raiva foram investidos R$ 165.498,00. Para aquisição dos equipamentos, que estão em fase de licitação, a estimativa é de investimento de R$ 187.859,00.