Seminário prepara médicos para tratamento da insuficiência respiratória do H1N1

19 de fevereiro de 2010 - 20:00

Com apoio da Secretaria da Saúde do Estado, a Sociedade de Pneumologia e Tsiologia, a Sociedade Cearense de Terapia Intensiva e a Cooperativa de Médicos Intensivistas do Ceará promovem dia 25 deste mês o seminário “Síndrome Respiratória Aguda Grave na H1N1 – diagnóstico clínico e uso de ventilação mecânica”. Médicos pneumologistas, infectologistas, intensivistas e emergencistas dos hospitais da rede estadual, dos hospitais de Fortaleza e dos 34 Hospitais-pólo localizados nas diferentes regiões do Estado participarão do seminário, das 14 às 16 horas, no Magna hotel, Avenida Historiador Raimundo Girão, 1002, Praia de Iracema. O expositor e debatedor será o pneumologista e intensivista Marcelo Alcântara Holanda.

Este ano, de acordo com o último boletim divulgado pela Sesa em 12 de fevereiro, foram confirmados 15 casos da doença no Ceará e três mortes em 2010. No ano passado, a confirmação em laboratório foi de 14 casos e três óbitos. Os pacientes com Influenza A (H1N1) podem apresentar quadro de insuficiência respiratória aguda, consequência de uma pneumonia viral grave.  Gestantes e obesos são os grupos com maior risco de evoluir de forma acelerada para uma situação de insuficiência respiratória. Segundo a Soceti, a SCPT e a Comint, as recomendações de suporte ventilatório para os médicos são: 

– Ventilação não invasiva (VNI):

O emprego de VNI pode favorecer a formação e disseminação de aerossóis aumentando o risco de contaminação. Seu emprego nos casos de SDRA pode resultar em protelação inadvertida da intubação traqueal, aumentando a chance de complicações. Como regra geral não deve ser usada. Exceções incluem portadores de DPOC com hipercapnia e acidose respiratória onde seu emprego pode evitar a intubação traqueal.

– Ventilação Mecânica Invasiva – quadros de SDRA

– A intubação deve ser considerada precocemente uma vez que a evolução para hipoxemia refratária e instabilidade hemodinâmica pode ser rápida


As recomendações do III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica devem ser seguidas de forma criteriosa, em particular uma estratégia ventilatória protetora com:


– Baixos volumes correntes (VC< 6-7ml/kg de peso ideal e não real)


– Limitação da pressão alveolar (pressão de platô) < 30cmH2O, seja no modo ciclado a volume (VCV) ou em pressão controlada (VPC)


– Menor FIO2 para se garantir uma PaO2 entre 60 a 90mmHg e SpO2 > 90-93%


– Frequência respiratória para garantir um pH entre 7,20 e 7,40, com monitorização da auto-PEEP.  Tolerar níveis supranormais de PaCO2 (entre 50 a 90mmHg) como parte da estratégia protetora.


– Titulação da PEEP ideal pela curva de complacência estática, iniciando por PEEP entre 20 a 25cmH2O em sequência decrescente. Garantir relaxamento muscular completo com curarização se necessária.


– Estratégias de resgate em caso de hipoxemia refratária (PaO2<60mmHg com FIO2 de 100%), somente em pacientes hemodinamicamente estáveis, tais como: posição prona, manobras de recrutamento com altas pressões sustentadas, uso de oxigenação e remoção de CO2 extracorpórea,  inalação de óxido nítrico (NO)


– Raio-X diário e vigilância para barotrauma


– Uso de sistemas de aspiração fechados


– Consultoria e acompanhamento por pneumologista/intensivista sempre que possível