Ceará tem a maior redução de partos em adolescentes no Nordeste

23 de setembro de 2009 - 12:02

Foram 24,8 mil partos em 2008 contra 35,7 mil, em 1998. A queda deve-se ao acesso a políticas de saúde. MS realiza ações de incentivo para jovens procurarem os serviços. O número de partos realizados na rede pública do Ceará em meninas entre 10 e 19 anos caiu 30,4% nos últimos dez anos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2008, foram feitos 24,8 mil partos no estado contra 35,7 mil, em 1998 (veja tabela abaixo). No Brasil, a quantidade de partos em adolescentes caiu 30,6% no mesmo período. O total de nascimentos com mães nessa faixa etária registrado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no ano passado, em todo o território nacional, foi 485,64 mil.

A queda na quantidade de adolescentes grávidas no Brasil deve-se, principalmente, ao acesso às políticas de prevenção e orientação sobre saúde sexual. Os postos de saúde no país disponibilizam, gratuitamente, métodos contraceptivos. A compra pelo Ministério da Saúde de preservativos masculinos, por exemplo, chegou a um bilhão em 2008, a maior feita por um governo no mundo. Grande parte dessa leva é distribuída em campanhas como as do carnaval, cujo foco é a população de adolescentes e jovem. Antes do carnaval de 2009, foram entregues aos estados 19,5 milhões de preservativos.

O aumento no número de equipes de Saúde da Família também reflete no acesso a informações sobre planejamento familiar nas comunidades da capital e cidades do interior. Atualmente, esses profissionais atendem 49% da população, levando informações sobre prevenção de gravidez, saúde sexual e reprodutiva aos adolescentes e jovens das cidades atendidas. Em 2000, o índice de cobertura era 15,7%. O total de equipes trabalhando em todo o país saltou de 7,6 mil para 29,7 mil nos últimos nove anos.

RESULTADOS – “Por causa dessas iniciativas, meninas e meninos estão mais informados sobre saúde sexual e reprodutiva e têm mais acesso a preservativos e métodos contraceptivos”, afirma a coordenadora da área de Saúde do Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare. Ela destaca ainda como fundamental na redução do número de partos entre adolescentes os programas que unem saúde e educação, como Saúde nas Escolas e Prevenção e Saúde nas Escolas. Essas duas iniciativas levam aos alunos da rede pública informações sobre puberdade, saúde reprodutiva, prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e sobre o sexo seguro. “Um dos grandes desafios nessa área é educar e orientar o jovem”, destaca Thereza de Lamare. Com o intuito de melhorar o acesso dessa parcela a informações sobre saúde, o Ministério da Saúde realiza, a partir do dia 22 de setembro – Dia Nacional da Juventude, uma série de ações para incentivar o adolescente a procurar os serviços de saúde.

SEMINÁRIO SOBRE JUVENTUDE – A data será comemorada com o seminário Mais Saúde na Juventude: Vamos Falar Disso?, que reúne, em Brasília, jovens, especialistas e gestores para discutir políticas de saúde para a juventude. O encontro, realizado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República, estará focado em quatro temas – saúde sexual e reprodutiva, violência e acidentes, álcool e outras drogas, meio ambiente, esporte e lazer. As discussões ocorrem hoje, dia 22, às 9h30, no Hotel Carlton, Setor Hoteleiro Sul.

De acordo com a coordenadora da área de Saúde do Adolescente e do Jovem do Ministério da Saúde, Thereza de Lamare, a proposta é dar maior visibilidade ao atendimento dessa parcela, que requer cuidados especiais por estarem em fase de crescimento e desenvolvimento. “Iniciativas em educação em saúde, alimentação saudável, informações sobre sexualidade, violência e drogas são fundamentais para prevenir situações que podem colocar em risco a saúde de adolescentes e jovens”, afirma. “Eles estão no auge das transformações e necessitam de orientação e informação”, reitera.

CADERNETA DA SAÚDE JOVEM – É exatamente a partir da difusão de informações sobre saúde que o Ministério quer incentivar o jovem a buscar os serviços nas unidades com mais freqüência. Até outubro deste ano, quatro milhões de Cadernetas de Saúde do Adolescente serão distribuídas a 433 municípios brasileiros. Impressa em duas versões – para homens e para mulheres, elas serão utilizadas no acompanhamento da saúde de jovens entre 10 e 16 anos. São 50 páginas com informações sobre saúde sexual e reprodutiva, sobre alimentação, puberdade, drogas e os cuidados necessários nessa faixa etária.

Embora a caderneta fique com o adolescente, existem páginas específicas para o profissional de saúde. Ele deverá preencher e acompanhar o cartão de vacinação e a tabela do Índice de Massa Corporal (IMC) com a estatura para avaliar o desenvolvimento do paciente. O investimento na impressão e distribuição das cadernetas foi de R$ 940 mil. No próximo ano, outras 4 milhões deverão ser produzidas e enviadas aos estados.

Os 433 municípios que participarão da primeira distribuição das cadernetas foram escolhidos por apresentarem projetos voltados a essa parcela, além de integrarem programas do Ministério da Saúde que vão facilitar o uso do material, como o Saúde nas Escolas e o Saúde e Prevenção nas Escolas. Os profissionais de saúde dessas cidades participarão de oficinas realizadas com os técnicos do Ministério nos estados sobre o funcionamento do projeto.

A proposta das oficinas é capacitar os profissionais de saúde quanto ao atendimento de adolescentes, em especial no seu crescimento e desenvolvimento como também as questões éticas e legais conversarem e orientarem o adolescente. “Existem muitas dúvidas, por exemplo, se eles podem ser atendidos sem os pais ou receberem prescrição de anticoncepcionais sem autorização da família. O profissional também deve aproveitar o atendimento para orientar o adolescente. É preciso esclarecer que o direito deles à saúde esta em primeiro lugar”, esclarece Thereza de Lamare.

PARTOS REALIZADOS EM MENINAS ENTRE 10 E 19 ANOS NO SUS

 

UF

1998

2008

%

 

10 a 19 anos

10 a 19 anos

 

Rondônia

8.217

 3.971

– 51,67%

Acre

4.109

 3.701

– 9,93%

Amazonas

16.756

 14.064

– 16,07%

Roraima

1.866

1.742

– 6,65%

Pará

38.215

 36.852

– 3,57%

Amapá

2.379

 3.313

+39,26%

Tocantins

7.821

6.194

– 20,80%

Norte

79.363

 69.837

– 12,00%

Maranhão

37.349

 27.211

– 27,14%

Piauí

16.780

 11.963

– 28,71%

Ceará

35.714

          24.853

– 30,41%

Rio G.do Norte

14.104

            9.952

– 29,44%

Paraíba

14.598

          11.184

– 23,39%

Pernambuco

39.712

          27.890

– 29,77%

Alagoas

15.529

          13.186

– 15,09%

Sergipe

9.085

            7.111

– 21,73%

Bahia

60.782

          42.518

– 30,05%

Nordeste

243.653

         175.868

– 27,82%

Minas Gerais

63.070

          42.130

– 33,20%

Espírito Santo

13.178

            7.683

– 41,70%

Rio de Janeiro

46.483

          23.835

– 48,72%

São Paulo

108.393

          73.876

– 31,84%

Sudeste

231.124

         147.524

– 36,17%

Paraná

38.101

          23.020

– 39,58%

Santa Catarina

18.426

 13.109

– 28,86%

Rio G.do Sul

30.925

 19.492

– 36,97%

Sul

87.452

 55.621

– 36,40%

Mato G. do Sul

11.480

 7.944

– 30,80%

Mato Grosso

13.358

 9.551

– 28,50%

Goiás

20.769

 11.192

– 46,11%

Distrito Federal

12.519

 8.102

– 35,28%

Centro-Oeste

58.126

          36.789

– 36,71%

Total

699.718

         485.639

– 30,60%

 
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Texto/Fonte: Agência Saúde/Ministério da Saúde