Curso quer melhorar a gestão da atenção primária

8 de setembro de 2009 - 12:06

Começa nesta quarta-feira, 9, o segundo módulo do Curso de Aperfeiçoamento de Gestão em Atenção Primária, voltado para gestores de saúde.  O treinamento de três dias é ministrado por consultores brasileiros e canadenses e trata de temáticas de atenção primária à saúde (APS). Enfatiza aspectos de gênero e etnia. Os 52 participantes do curso estão elaborando projetos baseados em evidências a fim de intervir positivamente em uma série de problemas de saúde. Tuberculose, hanseníase, mortalidade materna, sífilis congênita, prevenção do câncer de colo de útero, doenças do aparelho circulatório e mortalidade infantil foram os temas selecionados.

O curso, composto de quatro módulos, faz parte de um projeto patrocinado pela Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (CIDA), Universidade de Toronto, Ministério da Saúde e Conass (Conselho Nacional dos Secretários de Saúde), em parceria com a Secretaria de Saúde do Ceará. As aulas serão ministradas no hotel Mareiro, até a sexta-feira. Além do Ceará, os estados do Piauí, Alagoas e Paraíba também foram contemplados com o projeto que visa melhorar os indicadores de saúde nestes estados.

Entre participantes do curso estão nutricionistas, enfermeiros, pedagogos, médicos, dentistas e assistentes sociais. Sáo profissionais vinculados ao estado, outros provenientes dos municípios, professores das Universidades Federal e Estadual, um membro do Cossems (Conselho de Secretários e Secretarias Municipais de Saúde) e ainda um representante da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade.

De acordo com Yves Talbot, médico e professor da Universidade de Toronto, o objetivo principal do curso é o aperfeiçoamento das práticas de gestão de serviços de Atenção Primária à Saúde (APS) no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS). O curso oportuniza a apropriação de uma metodologia de enfrentamento de problemas de saúde e disponibiliza ferramentas para que os participantes desenvolvam habilidades gerenciais. Além disso,  o curso enfatiza que as questões de gênero e etnia devem ser consideradas a fim de que pessoas de ambos os sexos e todas as raças sejam tratadas com equidade, explica Talbot.

Adriana Gaertner – Universidade de Toronto
adriana.gaertner@utoronto.ca
(85) 9621-5154

Informações complementares

A atenção primária à saúde (APS), também denominada atenção básica (governo do Brasil), foi definida pela Organização Mundial da Saúde em 1978 como:
Atenção essencial à saúde baseada em tecnologia e métodos práticos, cientificamente comprovados e socialmente aceitáveis, tornados universalmente acessíveis a indivíduos e famílias na comunidade por meios aceitáveis para eles e a um custo que tanto a comunidade como o país possa arcar em cada estágio de seu desenvolvimento, um espírito de autoconfiança e autodeterminação. É parte integral do sistema de saúde do país, do qual é função central, sendo o enfoque principal do desenvolvimento social e econômico global da comunidade. É o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, levando a atenção à saúde o mais próximo possível do local onde as pessoas vivem e trabalham, constituindo o primeiro elemento de um processo de atenção continuada à saúde. (Declaração de Alma-Ata)

De acordo com Barbara Starfield, as principais características da atenção primária à saúde (APS) são:

> Constituir a porta de entrada do serviço — espera-se da APS que seja mais acessível à população, em todos os sentidos, e que com isso seja o primeiro recurso a ser buscado. Dessa forma, a autora fala que a APS é o Primeiro Contato da medicina com o paciente.

> Continuidade do cuidado — a pessoa atendida mantém seu vínculo com o serviço ao longo do tempo, de forma que quando uma nova demanda surge esta seja atendida de forma mais eficiente; essa característica também é chamada de longitudinalidade.

> Integralidade — o nível primário é responsável por todos os problemas de saúde; ainda que parte deles seja encaminhado a equipes de nível secundário ou terciário, o serviço de Atenção Primária continua co-responsável. Além do vínculo com outros serviços de saúde, os serviços do nível primário podem lançar mão de visitas domiciliares, reuniões com a comunidade e ações intersetoriais. Nessa característica, a Integralidade também significa a abrangência ou ampliação do conceito de saúde, não se limitando ao corpo puramente biológico.

> Coordenação do cuidado — mesmo quando parte substancial do cuidado à saúde de uma pessoa for realizado em outros níveis de atendimento, o nível primário tem a incumbência de organizar, coordenar e/ou integrar esses cuidados, já que freqüentemente são realizados por profissionais de áreas diferentes ou terceiros, e que portanto têm pouco diálogo entre si. [1]

paul.cantin@utoronto.ca
jennifer.little@utoronto.ca