Atlas da Saúde realiza estudo sobre o real perfil do AVC

4 de maio de 2009 - 18:21

O Ceará vai realizar o maior estudo epidemiológico do Acidente Vascular Cerebral (AVC) no Brasil. É o que garante o neurologista João José de Carvalho, coordenador do Comitê Estadual de Atenção e Controle das Doenças Cerebrovasculares, sobre o Atlas da Saúde que a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), em convênio com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, de São Paulo, vai concluir até maio de 2011. O Atlas da Saúde vai identificar, através do georeferenciamento, a distribuição e contextualização da ocorrência do AVC na cidade de Fortaleza, através da segmentação econômico-cultural-social dos fatores de risco.

Uma equipe da Sociedade Albert Einstein esteve reunida com gestores da Secretaria da Saúde nesta segunda-feira, 4 de maio, quando apresentou os resultados da primeira etapa do estudo. O georeferenciamento das mortes por AVC em 2007 mostra a distribuição espacial da rede de serviços de saúde em Fortaleza e sua infra-estrutura, a distribuição espacial da ocorrência de AVC, a partir do georeferenciamento, detectando as influências dos aspectos regionais, como desenvolvimento cultural e sócio-econômico, estágio de vida e a Integração espacial entre doença e rede de serviços de saúde. O estudo georeferencia 1.048 óbitos por AVC em 2007 e indica que 82% das mortes aconteceram em 13 hospitais.

Na segunda etapa, o estudo vai buscar se aproximar da identificação de 100% das circunstâncias dos óbitos, informa o neurologista Fernando Morgadinho, do Hospital Albert Einstein. Para tanto, a equipe da Sociedade Albert Einstein e da Sesa definem esta semana a metodologia de coleta de dados e capacitar seis recenseadores.  Já foram selecionados. Todos, de nível superior, visitarão hospitais públicos e privados, acompanhando os pacientes internados e fazendo a notificação de casos de AVC comprovados.

Com o projeto Atlas da Saúde, que tem apoio do Ministério da Saúde, a Sesa vai conhecer as condições socioeconômicas das regiões estudadas, com base na composição de bancos de dados, a oferta de serviços de saúde, dados geográficos, dados populacionais e a estimativa de demanda por serviços de saúde. Assim, questões ou objetivos específicos em saúde podem ter suporte para planejamento, monitoração e estabelecimento de prioridades, afirma Arruda Bastos, Secretário Executivo da Secretaria da Saúde.

O Ceará é o único Estado que tem uma política de governo específica para o AVC aprovada no Conselho Estadual de Saúde, segundo informa João José de Carvalho. Com o georeferenciamento, ele afirma que a saúde pública terá um planejamento mais abrangente, mais real, contribuindo assim para melhores resultados na prevenção e controle do AVC, a doença que mais mata no Ceará e no Brasil. João José estima que a reordenação da atenção ao AVC, a partir do georeferenciamento, será capaz de reduzir em 30% a mortalidade em conseqüência da doença. “Em 10 anos, será possível evitar 10 mil mortes e diminuir em 20 mil o número de sequelados no Ceará”, projeta ele.

Até o final deste mês, a Secretaria da Saúde vai definir o AVC como uma doença de notificação compulsória. Assim, todos os profissionais de saúde que tiverem conhecimento de um caso da doença têm a responsabilidade de fazer a notificação à Sesa. Ainda este ano será inaugurada a Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza, unidade da rede estadual de saúde, com neurologistas de plantão 24 horas e equipe multidisciplinar especialmente treinada para tratar pacientes com AVC, informa o Secretário da Saúde, João Ananias. A Unidade terá 18 leitos e trabalhará totalmente integrada ao SAMU e aos hospitais de apoio. A meta é estender o trabalho para o interior, com outras unidades sendo implantadas nos hospitais pólo, unidades que têm convênio com a Sesa e recebem recursos do Governo do Estado todos os meses.