Editorial do DN destaca mobilização da Sesa contra dengue nos municípios

16 de janeiro de 2009 - 18:33

Ações contra dengue

Fonte: Jornal Diário do Nordeste, Opinião,  – 16 de janeiro de 2009

 

A cada renovação dos quadros dirigentes municipais, a saúde pública, especialmente, sofre desmonte com prejuízos para as populações assistidas.

Este ano, e em face das consequências provocadas em 2004 ao Programa Saúde da Família, a Secretaria de Saúde do Estado está empregando estratégia diferente. Os novos secretários municipais de Saúde, reunidos aqui, conheceram os efeitos epidemiológicos gerados pela dengue e o plano preventivo, apoiado num aporte de R$ 21 milhões, liberados pelo Ministério da Saúde para o Ceará. As ações alcançarão os 184 municípios, priorizando 44 deles, onde se concentram os maiores índices de infestações e de notificação da doença.

A dengue, por seu caráter endêmico, se manifesta durante todo o ano. Com a chegada da estação das chuvas, há recrudescimento, exigindo atenções permanentes, pela diversidade de sua manifestação. Em 2008, foram confirmados 44.191 casos da doença disseminados por 167 municípios. Os mais preocupantes foram os 43 casos de dengue hemorrágica. Por isso, o combate à doença deve ser feito de janeiro a dezembro.

Em termos de saúde pública, a dengue transcendeu os países em desenvolvimento, tornando-se um dos principais problemas no mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima entre 50 milhões e 100 milhões as pessoas infectadas, a cada ano, em mais de 100 países de todos os continentes, com exceção da Europa. Enquanto os enfermos hospitalizados chegam a 550 mil, as mortes em conseqüência da doença somam 20 mil.

Essa dimensão da enfermidade tem mobilizado centros de pesquisas em saúde pública do mundo inteiro. A última contribuição surgiu entre cientistas australianos, os quais estão sugerindo o uso da bactéria Wolbachiapara combater o mosquito portador do vírus Aedes aegypti , cuja eficácia tem sido comprovada.

Desenvolvida na Universidade de Queensland, Brisbane, Austrália, a pesquisa relata a eficiência do uso da bactéria como um meio de baixo custo para erradicar o mosquito transmissor da dengue em áreas urbanas. Os inseticidas em uso mostram ineficácia na erradicação do mosquito pela resistência desenvolvida aos produtos.

Enquanto essas inovações científicas e tecnológicas não se difundem pelos países em desenvolvimento, a saída é recorrer aos métodos tradicionais, mas eficientes, começando por mobilizar a população como aliada no combate aos focos de infestações. Quanto menor o município, maior é a capacidade de liderança do prefeito, a primeira autoridade que deve se dispor a congregar os habitantes nesse esforço coletivo.

Em apoio à conscientização dos grupos de residentes, vêm as tarefas da esfera do poder público, como a limpeza urbana, o controle do meio ambiente, a vedação das caixas d´água, a notificação dos casos suspeitos, o diagnóstico e o tratamento médico dos alcançados pela endemia. Com determinação, os novos prefeitos podem reverter a posição crítica do Ceará no ranking nacional.