HGF tem ambulatório de enxaqueca para tratamento especializado

5 de janeiro de 2009 - 17:33

Foi por entender que dores de cabeça não devem ser ignoradas e sim levadas a sério e tratadas que foi implantado no Hospital Geral de Fortaleza, o maior hospital da rede estadual, o ambulatório de enxaqueca. Na clínica especializada, os atendimentos ocorrem às terças e quintas-feiras. Em 18 anos de funcionamento, mais de 26 mil pacientes foram atendidos. Cerca de seis mil são acompanhados em consultas periódicas. A cada três meses retornam para uma nova avaliação.  A cada ano pelo menos 400 novos pacientes buscam tratamento para as incômodas dores de cabeça no ambulatório do HGF, informa o chefe do setor de neurologia do hospital, João José de Carvalho.

Milhões de pessoas em todo o mundo têm a qualidade de vida comprometida por dores de cabeça ou cefaléias. Os especialistas  mostram que a população mundial pode ser dividida em relação às cefaléias em quatro grupos:

– um seleto grupo de 3 a 4% da população que nunca vai apresentar dor de cabeça
– um grande grupo de cerca de 70% das pessoas que apresentará dores de cabeça muito esporádicas (estas pessoas quase nunca lembram quando apresentaram a última cefaléia)
– um grupo de aproximadamente 25% de pessoas que apresentarão dores de cabeça recorrentes e freqüentes por toda a vida ou em grande parte dela
– um desafortunado grupo de 1% da humanidade que apresentará durante toda a vida ou em grande parte dela dores de cabeça diárias ou quase diárias.

De um modo geral, estima-se que 95% da população apresenta pelo menos uma cefaléia a cada ano e destes 9% necessitem de auxílio médico para o alívio de suas dores. As enxaquecas afetam principalmente as mulheres. Estima-se que entre 6 a 8% dos homens e 16 a 25% das mulheres maiores de 18 anos sofram com enxaquecas. O curioso é que nos extremos da vida esta diferença tende a cair. Meninos e meninas têm praticamente a mesma chance de ter enxaqueca.

As dores de cabeça representam a décima das vinte maiores causas de procura a consultórios médicos e a quarta causa de procura a serviços de emergência (National Center for Health Statistics, EUA, 2002).
A maioria dos sofredores de dores de cabeça recorrentes diz que elas  interferem muito em suas atividades físicas e nos relacionamentos com a família e amigos. O impacto no trabalho é outro dado importante. Cerca de 30% dos pacientes com enxaqueca têm mais de 10 dias de trabalho prejudicados por ano (ausência e/ou baixa produtividade por causa da dor).

Apesar dos efeitos na qualidade de vida de grande parte da população nem sempre as dores de cabeça são vistas como um problema real. Ainda alimentados com idéias como “dor de cabeça é assim mesmo, toda a minha família tem” ou “dor de cabeça não tem tratamento”, não procuram auxílio médico. “Em estudo brasileiro que realizamos recentemente, mostramos que aproximadamente 25% das pessoas que apresentam cefaléias recorrentes nunca procuram auxílio médico e os que o fazem demoram em média 5 anos para fazê-lo”, afirma o neurologista João José Carvalho.

O tratamento das cefaléias primárias se baseia no restabelecimento do equilíbrio bio-elétrico cerebral através de medicamentos para as crises (medicamentos que desligam o alarme) e medicamentos profiláticos, para evitar as crises (medicamentos que regulam o alarme). Além disso, o reconhecimento e controle de eventuais fatores desencadeantes (situações, circunstâncias, alimentos que fazem o alarme disparar) é fundamental para o sucesso terapêutico.

As crises leves que não interferem nas atividades muitas vezes se resolvem com analgésicos comuns e medidas simples, como sono ou repouso. As crises moderadas a intensas que interferem nas atividades, chegando às vezes a incapacitar a pessoa, devem receber tratamento medicamentoso e acompanhamento médico cuidadoso. Outras crises necessitam de tratamento de urgência em ambiente hospitalar. Nestas ocasiões, o tratamento deve ser feito idealmente em centros especializados onde os neurologistas estão melhor credenciados e mais habituados a fazer o diagnóstico diferencial e o tratamento adequado.

A identificação de fatores desencadeantes ou deflagradores e os cuidados para evitá-los ajudarão a terapêutica medicamentosa. João José de Carvalho lembra que esses fatores, no entanto, são muito individuais e não existe uma regra para todos os sofredores de dores de cabeça recorrentes. Enquanto certos alimentos ou exposições prolongadas ao sol, por exemplo, podem desencadear as crises em alguns, em outros as dores não são afetadas pelos mesmos ou são outros os deflagradores. De um modo geral, recomendam-se as regras válidas para todos em busca de uma boa qualidade de vida (melhor gerenciamento do estresse, exercícios regulares, alimentações apropriadas).

Mais informações:
Gilda Barroso, Assessoria de Comunicação do HGF – 3101-7086/ 9925-5762