Saúde coletiva no Ceará é tema de pesquisa apresentada pela Fiocruz

24 de julho de 2019 - 10:18 # # # # #

Assessoria de Comunicação da Sesa
Repórter:
Martina Dieb
Fotos: Fátima Holanda e Martina Dieb

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), por meio dos dados da Vigilância Epidemiológica do Estado, mapeou a distribuição das principais causas de adoecimento, mortalidade e situação socioeconômica dos cearenses no período de 2000 a 2016. O panorama de indicadores tornou-se o Atlas de Saúde do Ceará e foi apresentado pelo autor da pesquisa, o médico cearense José Uéleres Braga, em evento realizado na Secretaria da Saúde do Estado do Ceará (Sesa) na última terça-feira, 22. A iniciativa contou com apoio do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (Nucit).

O Atlas de Saúde do Ceará reúne em série histórica a avaliação dos principais agravos e reflexos sociais de doenças como câncer, aids, chikungunya, dengue, hanseníase, hepatites virais, intoxicações, leishmaniose, meningite, sífilis, tuberculose, sarampo e violência.

Nos últimos anos a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de destaque nas áreas de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, tem desenvolvido pesquisas no campo de Saúde Coletiva em algumas regiões do Brasil, principalmente em centros urbanos nos quais existe maior visibilidade de agravos para a saúde pública.

Na abertura do encontro, o coordenador da Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde, Marcelo Alcântara Holanda, destacou a relevância do estudo para o planejamento de ações de gestores públicos. “A pesquisa é um importante subsídio para a política pública devido o conhecimento auxiliar na definição e planejamento de ações. É esse tipo de trabalho que a saúde quer fortalecer. Na atual gestão, o conhecimento científico vai balizar o planejamento fazendo isso permanentemente”, disse.

Durante a apresentação do Atlas de Saúde do Ceará o pesquisador da Fiocruz, José Uéleres Braga, abordou as diretrizes utilizadas para a pesquisa como análise de tempo, espaço, ecossistema, desigualdade social e heterogeneidade de cada região. “Analisamos a situação da mortalidade e causas que poderiam ser evitáveis. Esse trabalho é diferente dos demais, devido a ideia de juntar um conjunto de agravos relevantes para o adoecimento e para a mortalidade da população cearense tendo o diagnóstico da situação de saúde de cada região, situação socioeconômica e, principalmente, as condições ambientais do Estado. É importante que na análise de cada mapa a gente possa refletir as evoluções e prováveis relações que podem existir”, ressaltou o pesquisador.

Segundo José Uéleres Braga, o estudo tem um caráter exploratório e pretende ser uma fonte de informação para que secretarias estaduais e municipais, programas de pós-graduação, gestores e comunidade acadêmica dialoguem entre si e possam refletir sobre possíveis ações que mudem essa realidade. Na análise de indicadores geográficos e socioeconômicos do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das diferentes regiões do Estado, o pesquisador enfatizou a equidade como parte do processo da política pública. “Na nossa linha de pesquisa concluímos que os diferentes devem ser tratados como diferentes, cada região tem sua singularidade. O estado teve muitos avanços na saúde, porém muita coisa ainda precisa sem feita, principalmente, na atenção básica”, frisou.

Para a pró-reitora de extensão da Universidade Federal do Ceará, Márcia Machado, que participou da discussão dos indicadores, a pesquisa atua na compreensão de doenças utilizando a abordagem social. Ela considera que essa integração deve ser complementar e provocar reflexões.

“O embasamento teórico e científico utilizado na pesquisa é um dos modelos mais modernos no mundo e produzida por uma equipe de pesquisadores qualificados. Me chamou atenção a análise refinada e técnica dos modelos estatísticos de bancos que têm uma robustez de informações propiciando a partir desses dados reflexões para a gestão pública, para equipes que atuam na ponta. Através desta pesquisa temos como compreender onde estão os focos dos problemas e hipóteses que devem ser levantadas, evidenciadas e pontuadas a partir desses dados”, relatou.