Na montanha-russa de sentimentos, a rotina da assistência social das UPAs na pandemia

14 de maio de 2021 - 11:19 # # # # # #

Assessoria de Comunicação das UPAs
Texto:
Bruno Brandão
Foto: Munique Freitas


Assistência social luta por justiça, igualdade e cidadania na linha de frente do combate à Covid-19

A comunicação com os familiares dos pacientes internados em unidades de saúde é algo que sempre teve grande importância. Com a pandemia da Covid-19, esse contato, que ficou mais restrito devido ao protocolo de distanciamento social, teve um papel primordial, tornando-se um momento de alívio para os parentes que aguardam notícias de quem está internado. Nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h) da Secretaria de Saúde do Ceará, administradas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), a equipe médica e os assistentes sociais assumiram a função de transmitir essas mensagens — em sua maioria, sempre carregadas de grande emoção.

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Maria Fernandes Escobar, assistente social da UPA Canindezinho, trabalha há 13 anos na área e explica a rotina que envolve o contato direto com a família. “Temos um fluxo de comunicação diária em que a equipe de Serviço Social se mobiliza juntamente com a equipe médica para que, todos os dias, as famílias recebam o boletim médico por telefone. Logo na admissão, preenchemos uma ficha de identificação do paciente, firmamos com os familiares o compromisso da comunicação diária e eles definem quem poderá receber os informes. Além disso, nós, do Serviço Social, atendemos e orientamos as famílias presencialmente ou por telefone durante todo o plantão e também repassamos informações gerais”, detalha.

Um momento muito esperado entre pacientes e familiares são as chamadas ou videochamadas, utilizadas somente para os internados em condições de recebê-las. “Diariamente, fazemos as chamadas, que também podem ser telefônicas, e oportunizamos um momento de maior proximidade entre o doente e seu familiar. Também estimulamos as famílias no envio de cartas que são lidas aos pacientes por profissionais da equipe de assistência”, diz.

Emoção

Entre tantas situações, a profissional recorda de algumas que chamaram a atenção por conter uma forte carga emotiva. Maria lembra de uma paciente que, quando realizou a chamada de vídeo, estava consciente, orientada, mas a saturação estava muito baixa. No fim do dia, o médico plantonista avisou a família que ela seria intubada.

Embora estivesse concluído todas as funções do dia, a assistente social atendeu um pedido que tocou o seu coração. “O filho dessa senhora pediu para que fizéssemos um contato, eles iriam fazer uma chamada com os outros filhos. Entrei no Eixo Covid e ela estava muito ofegante, mesmo usando a máscara de venturi. Disse a ela que os filhos estavam com muita saudade e que a amavam tanto que queriam vê-la um pouquinho”, lembra.

“Fiz a chamada e ela pouco conseguiu falar , mas apertava minha mão. Ela abençoou os filhos e disse que, em breve, estaria em casa. Ela faleceu naquela noite. No dia seguinte, eu estava novamente no plantão e seu filho estava lá para liberação do corpo. Eu ainda choro ao lembrar desse momento, mas fico feliz de, alguma forma, ter estado ali. Mesmo que o desfecho tenha sido de tanta tristeza”, emociona-se.