“Invés de jogados fora, cordões umbilicais salvarão vidas”, diz Lula

9 de junho de 2010 - 13:00


Era só uma visita. Sem cerimônia de falas. Assim estava definida pela equipe da presidência da República a agenda do Presidente Luis Inácio Lula da Silva na passagem pelo Hemoce, no início da noite da última terça-feira, 8, para inaugurar o banco de cordão umbilical e placentário. Mas Lula quebrou o protocolo. Além do presidente, que falou por mais de 10 minutos, após o descerramento das placas de inauguração do primeiro banco público de cordão umbilical e placentário do Norte e Nordeste, falaram o governador Cid Gomes, o secretário da saúde do Estado, Arruda Bastos, o ministro da saúde, José Gomes Temporão, e a diretora geral do Hemoce, Luciana Carlos. “Com esse banco temos mais uma demonstração de que o Nordeste pode dar sua contribuição para o desenvolvimento do País, na ampliação do acesso à saúde”, afirmou o presidente. Comentou que “agora ao invés de jogados fora, os cordões servirão para salvar vidas de pacientes que precisam de transplantes”.

Na defesa do Sistema Único de Saúde, Lula disse que “o SUS, no processo de implantação há 20 anos, só resistiu pela força e trabalho dos que acreditaram que é possível promover saúde para todos”. Ele enfatizou que “o país está ficando mais igual, mais justo, vivendo um momento excepcional”. Sobre o Ceará, disse: “que o Ceará continue avançando, com a construção dos Centros de Especialidades Odontológicas regionais, que garantem mais acesso aos serviços de saúde bucal e promovem inclusão social”. De um total de 16 novos CEO, cinco já foram inaugurados e os outros 11 estão em construção em diferentes regiões do Estado.

O governador Cid Gomes, antes de destacar que “a meta do governo do Estado é oferecer excelente serviço de saúde para toda a população”, mexeu com a autoestima e o compromisso dos trabalhadores e trabalhadoras do Hemoce em ajudar a salvar vidas, afirmando: “estamos, presidente, na respeitadíssima rede do Hemoce”. Para um auditório lotado, principalmente de profissionais da unidade e do setor saúde, os aplausos foram imediatos. Na vanguarda do Brasil, o governador disse que é preciso inovar, lembrando que está em implantação no Ceará, através de convênio do governo do Estado com a Fiocruz, um polo de medicamentos.

Com números, o secretário Arruda Bastos informou que “o Ceará está na vanguarda dos transplantes, com recordes sucessivos nos últimos três anos. Foram 618 transplantes realizados em 2007, 739 em 2008 e 767 em 2009”. Em doações, o Ceará, com 19.1 doações por milhão da população, fica atrás apenas de São Paulo, segundo a Associação Brasileira de Doação de Órgãos (ABTO). Aproveitou para dizer ao ministro Temporão que o Estado está só aguardando a certificação do Ministério da Saúde para iniciar os transplantes de pulmão no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes.

A diretora do Hemoce, Luciana Carlos, emocionada com a presença do presidente Lula, disse que “por mais que eu sonhasse, não imaginaria viver este momento de dupla satisfação, a de ver o banco de cordão umbilical inaugurado e o presidente fazer parte dessa conquista do SUS”.

Através do convênio assinado com o BNDES em 2008, a Rede BrasilCord recebeu um investimento de R$ 31,5 milhões do Fundo Social do BNDES para a construção de unidades no Ceará, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Pará, Santa Catarina, Paraná, Minas Gerais e Distrito Federal. Hoje, o sistema tem quatro bancos instalados, no Rio de Janeiro, em São Paulo, Campinas e Ribeirão Preto. A meta é armazenar cerca de 50 mil cordões umbilicais nos 13 bancos que passarão a formar a rede, número considerado ideal pelo Ministério da Saúde, junto com o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), suprir a demanda de transplantes no Brasil. Além da construção dos novos bancos de cordão, os recursos do BNDES serão utilizados na compra de equipamentos das unidades já em funcionamento e treinamento de pessoal. No Ceará, os investimentos somam R$ 4 milhões. 

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